segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A volta do prejulgamento

Juro que por muito relutei em escrever sobre política no blog, mas enfim. 

Que o preconceito encima de artistas/pessoas famosas que tentam se eleger em cargos políticos é cada vez maior não há dúvidas. A grande questão nisso tudo é até que ponto chega a generalização e o chamado prejulgamento com estes.

Confesso, caro leitor, que muitas vezes julguei previamente também. Questionei-me então, em um momento posterior, até que ponto o candidato não pode/deve usar aquilo que o consagrou na vida para ganhar apoio popular? Pensando mais a fundo e fugindo um pouco dos preconceitos, no final das contas todos eles trabalharam até receber aquele prestigio.
Tive oportunidade, nessas eleições, de acompanhar o horário eleitoral de São Paulo, Rio de Janeiro e até mesmo Paraná(o mais sério dos 3, em geral). O fato é que o número de candidatos que usa um cargo majoritário como “professor” ou “doutor” para promover a sua imagem é enorme! Até que ponto o artista tem que ser mais desmerecido? Estes, assim como artistas em geral, não mostram mais capacidade de gestão do país por saberem, por exemplo, operar uma vesícula ou conhecerem tudo sobre a grandiosa batalha de Verdum. Ou estou errado?

No dia 3 de Outubro o povo Paulista escolheu como candidato mais votado do estado, que viria a ser reconhecido como mais votado das eleições 2010, o palhaço Tiririca. Com 1,353 eleitores o candidato disparou e por cerca de 200 mil votos não se tornou o deputado mais votado da história do país; É, infelizmente, outra situação.  Analisando toda a sua participação no horário eleitoral gratuito, o espectador levou constantemente com o Slogan “pior que está não fica, vote no Tiririca”, além de não conseguir captar sequer uma das propostas do candidato. Durante o período eleitoral, alias, o candidato foi questionado por um repórter sobre seus projetos e recebeu um “é claro que temos projetos mas isso a gente trata depois, não é?” como resposta. Não questiono aqui sequer a investigação sobre a alfabetização do candidato.

Em resumo, é totalmente compreensível, a meu ver, que um artista use seu reconhecimento para arrecadar votos necessários pra se eleger, desde que tenha propostas e motivos para este ato. Vale a pena lembrar de Stepan Nercessian, ator e agora deputado federal, que criou uma campanha sólida e séria, assim como o falecido estilista Clodovil que, apesar de muitos acharem ter sido mais um dos famosos “votos de protesto” do povo Paulista (o que eu não vou questionar por insuficiência de argumentos), no pouco tempo que teve na câmara dos deputados agiu de forma séria apresentando projetos e defendendo causas. Muitos entram nessa lista. Não ache, leitor, que a profissão do candidato mostra a sua competência para um cargo político. Termino esse post então com a frase de apresentação do deputado federal Chico Alencar durante entrevista coletiva a alunos da PUC-Rio – “SOU professor de história e ESTOU deputado federal. Porque são duas coisas totalmente diferentes”.

Para concluir desejo seriamente que se saiba diferenciar um palhaço político de um político palhaço, a não ser claro, se este for os dois.
Tenham um ótimo dia.